Usuários do sistema de saúde falam em cenário de “caos”
Na última terça-feira (5) pela manhã, o cenário foi de “caos” na UPA do bairro Cruzeiro, em Venâncio Aires, conforme definição de alguns usuários. Vídeos da sala de espera foram enviados para nossa redação e comprovaram a superlotação da unidade de saúde.
Nas imagens, um cidadão com uma criança no colo bate em móveis da UPA, reclama da demora no atendimento e discute com profissionais da unidade. O clima era tenso.
Em nota emitida no mesmo dia, o governo de Venâncio Aires disse que a situação era “atípica” e provocada por casos respiratórios relacionados à “mudança climática”.
Uma fonte que acompanha de perto o sistema de saúde de Venâncio Aires rechaçou a afirmação de que o movimento foi “atípico” e garantiu que a rotina de lotação e demora se repete há semanas.
A prefeitura já havia emitido comunicado, no dia 25 de março, sobre o tipo de atendimento que deveria ser buscado na UPA. “Para consultas, dê preferência para uma unidade próxima da sua casa. Deixe o hospital e a UPA para atendimentos de urgência e emergência. […] Conscientização faz bem à saúde”, dizia o texto.
Indignação viral
O episódio na UPA agiu como um vírus contagioso na internet. Vários moradores disseram que não adianta o governo municipal direcionar pacientes para os postos de saúde se as fichas nestes locais são escassas. Também criticaram o tempo de espera na UPA, algumas vezes superando quatro horas.
Nossa reportagem perguntou ao governo municipal sobre o tempo de espera e se havia falta de médicos na UPA nessa terça-feira, mas não houve resposta.
Meio posto
Um usuário ironizou o fato do novo posto de saúde junto à UPA, que seria referência para os bairros Cruzeiro e Brígida, atender apenas quatro dias da semana em meio turno.
O Portal Significa perguntou ao governo municipal se o horário do posto será ampliado e quantas fichas de atendimento são distribuídas diariamente nesta unidade. Também não houve resposta.
Outra questão não respondida é por que razão o Hospital São Sebastião Mártir só atende casos de extrema urgência, mesmo quando a UPA está lotada.
Sobrou para o hospital
Após o vírus da indignação se espalhar pela comunidade, o governo Jarbas da Rosa (PDT) prometeu para a área da saúde aquilo que estava em seu slogan de campanha: mudança.
Uma das medidas anunciadas é que o Hospital São Sebastião Mártir dividirá a demanda de pacientes do pronto atendimento com a UPA.
Depois do anúncio desta medida, nossa reportagem questionou como o hospital comportará esta nova demanda, se hoje (7) pela manhã, antes do anúncio das mudanças, sua emergência já estava lotada. A administração municipal não respondeu.
Embora Venâncio Aires tenha cerca de duas dezenas de UBSs e ESFs, onde parte da população garante que não consegue atendimento por falta de fichas ou ausência de médicos, o hospital São Sebastião Mártir foi o principal criticado no texto informativo emitido nesta tarde pelo governo municipal para comunicar as mudanças.
A prefeitura afirmou que o “principal gargalo” é detectado no fluxo entre UPA e hospital. É o HSSM que faz a gestão da unidade de pronto-atendimento do bairro Cruzeiro.
“Não é admissível o represamento de pacientes na UPA e nem que as pessoas cheguem com gravidade no hospital e sejam mandadas para a UPA ou vice-versa. Estamos propondo uma gestão única entre os dois pronto-atendimentos e ampliação imediata do número de médicos”, defendeu o secretário de Saúde, Tiago Quintana (PDT).
A prefeitura disse que vai ampliar o valor do contrato pago para manutenção da UPA, que atualmente é de R$ 580 mil mensais, para até R$ 709 mil.
A vice-prefeita Izaura Landim (MDB) citou que o hospital recebe mais de R$ 24 milhões por ano e é o principal contrato do Município. Disse, ainda, que a instituição precisa apresentar soluções “urgentes”.
O prefeito Jarbas da Rosa (PDT) cobrou alterações no plano de trabalho do hospital e nomes para a gestão única dos dois pronto-atendimentos (da UPA e do HSSM) a partir da próxima semana.