Novo sistema de coleta

Sem espaço nos contêineres, lixo acumula sobre as calçadas

Redação

Publicado segunda-feira, 02/05/2022, às 09:24

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???? Richard Dettenborn

Faz uma semana que começou a nova coleta seletiva em Venâncio Aires, tendo como fonte de recursos mais de R$ 4 milhões provenientes do governo federal. Nos primeiros dias, as reclamações da população se concentraram na falta de explicações de como funciona o novo sistema e quanto aos novos locais dos pontos de coleta de resíduos.

Agora há um problema adicional: falta espaço nos contêineres para tanto lixo em alguns pontos da cidade. Isto quando não falta o próprio contêiner.

Nestes casos, o lixo vai sendo sobreposto até a tampa não fechar mais (como na imagem que ilustra esta matéria) ou então fica atirado pelas calçadas, podendo gerar problemas de saúde pública e entupimento de bueiros. Justamente o oposto da proposta do governo federal ao financiar o programa Lixão Zero.

A matemática está difícil de ser compreendida neste novo sistema do governo de Venâncio Aires. A União injetou R$ 4,1 milhões, a taxa de coleta de lixo sofreu um tarifaço de mais de 23% este ano e os contêineres não dão conta. “Virei Uber do lixo”, relata um morador, que precisa colocar os resíduos no carro até achar um contêiner vazio.

A prefeitura diz que ampliou o número de pontos de coleta pela cidade, mas o fato é que os novos contêineres são cerca de três vezes menores do que os anteriores. Resultado: menos capacidade geral de armazenar o lixo da população.

Retrocesso

Para o vereador Eligio Weschenfelder (PSB), da oposição, os primeiros dias do novo sistema mostram retrocesso. “Voltamos à época do lixo pendurado em árvores, cercas e jogado nas ruas pela falta de contêiner. Retiraram os contêineres sem aviso prévio e, nestes pontos, não existem lixeiras tradicionais”, avaliou o parlamentar.

Segundo Eligio, o problema fica mais evidente no caso dos idosos, que não têm condições de caminhar longas distâncias até achar um contêiner que não esteja abarrotado e, com isto, jogam o lixo nas calçadas. “Tenho recebido uma enxurrada de reclamações, de fotos, e muita revolta, pois conseguiram piorar um serviço razoável”, comentou.

Dinheiro público não reciclável

O governo de Venâncio Aires havia prometido uma campanha prévia de conscientização e explicações sobre o novo sistema, mas o site da prefeitura só foi abastecido com informações no fim da última semana.

“Mudaram inclusive os dias de coleta sem aviso prévio […] Agora, quase no desespero, estão gastando uma fortuna na RBS TV para minimizar a incompetência”, afirmou Eligio Weschenfelder.

O vereador está se referindo a uma propaganda de televisão que entrou no ar no fim da semana passada em âmbito regional da RBS TV, a inserção mais cara de publicidade nos vales, em valores absolutos. Mais cara ainda quando entra em horário nobre, como foi o caso.

Além disso, a emissora abrange uma população de mais de 400 mil pessoas nos vale do Taquari e Rio Pardo (o valor do comercial é calculado sobre este público-alvo), e a campanha sobre a coleta de Venâncio Aires interessa somente aos seus 72 mil habitantes.

Ajustes a caminho

O governo de Venâncio Aires afirmou que estava monitorando e ajustando o novo sistema ao longo da primeira semana de implantação, para apurar onde há falta ou excesso de contêineres.

O material informativo sobre a coleta, com os mapas, entrou no site da prefeitura depois da implantação do sistema. A página pode ser acessada por aqui.

Um vídeo publicado em rede social da prefeitura na semana passada mostrava uma pilha de lixo reciclável sobre uma calçada e, em seguida, a câmera apontava para uma lixeira próxima, dando a entender que o morador tinha opção de não ter sujado a cidade. Mas a lixeira mostrada no vídeo era para rejeitos (cor verde).

O governo foi questionado se a população estaria autorizada e colocar resíduos recicláveis, como isopor e papelão, em contêineres para rejeitos. “Consciência não depende de autorização. No local tem contêiner reciclável. Não há autorização para destinar incorretamente o lixo”, respondeu a prefeitura.

Por fim, o governo municipal pediu conscientização e se incluiu no pedido. “Consciência e colaboração para que todos utilizem os equipamentos da maneira correta, prefeitura, comunidade e empresa de recolhimento”.


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