AVC no palco

Prefeitura e Fenachim mantêm silêncio sobre ambulância do evento

Redação

Publicado domingo, 15/05/2022, às 20:30

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Tanto a prefeitura municipal de Venâncio Aires, quanto a organização da 16º Fenachim continuam em silêncio sobre a ambulância do evento que poderia estar no Parque do Chimarrão quando o músico Josimar da Cruz sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), na madrugada do último domingo (8).

Hoje (15), por volta das 18h, Josimar seguia na UTI do Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul, conforme informação da instituição de saúde.

Segundo um familiar próximo do músico e que estava acompanhando sua apresentação naquela madrugada, a ambulância disponível no Parque do Chimarrão foi embora logo após o show nacional do cantor Dilsinho.

Josimar tocou como freelancer com Noredi Rodrigues e Banda logo depois do show nacional, portanto a ambulância não estava mais lá, segundo os relatos colhidos para esta reportagem. Quem mandou a ambulância embora ainda é uma incógnita.

Desde a última terça-feira (10), nossa reportagem vem questionando o governo municipal e a organização da Fenachim sobre quem é o responsável pela disponibilização e gestão da ambulância disponível durante os dias de festa no Parque do Chimarrão.

Nessa sexta-feira (13) pela manhã, a mesma pergunta (assim como várias outras) foi enviada novamente para ambas as partes, mas ninguém se pronunciou até o fechamento desta matéria.

Normalmente o serviço é contratado pela instituição que organiza o evento. Neste caso seria a Associação Festa Nacional do Chimarrão (Afenachim), pessoa jurídica que organiza a festa nacional do chimarrão.

A prefeitura de Venâncio Aires chegou a abrir licitação de R$ 1,7 milhão para disponibilizar ambulâncias para eventos culturais, esportivos e turísticos.

Conforme documentos públicos acessados neste domingo pelo Portal Significa, esta licitação teve quatro interessados e não foi finalizada porque está aguardando julgamento de recurso administrativo.

Então, se o portal da transparência do governo municipal estiver atualizado, não coube ao Município disponibilizar ambulâncias para a Fenachim por meio desta licitação.

Uma possibilidade é que a prefeitura tenha cedido suas ambulâncias próprias, assim como faz com outros equipamentos e servidores públicos colocados à disposição da festa mesmo antes dela começar.

Meio milhão na conta

Por outro lado, outro documento público mostra que é quase impossível faltar dinheiro para a Afenachim disponibilizar estruturas de apoio, como ambulâncias.

Além de receber todo o complexo do Parque do Chimarrão emprestado pelo poder público – com câmeras de vigilância recém instaladas, reforço na parte elétrica, estrutura nova do Chimarródromo, entre outras melhorias –, a entidade sem fins lucrativos ainda recebeu uma transferência bancária de R$ 500 mil dos cofres públicos, no dia 4 de março, para ajudar na realização da 16º Fenachim, valor suficiente para bancar três shows nacionais, por exemplo.

Tempo é essencial

Cada minuto importa no atendimento a um caso de AVC. Se houvesse ambulância no Parque do Chimarrão na madrugada do último domingo, o músico Josimar ganharia um tempo valioso.

“Para o menor sinal de alerta de AVC, o tempo de ação é imprescindível. A cada minuto, um paciente do quadro que não é tratado perde 4 milhões de neurônios”, ressalta o coordenador dos serviços de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Mãe de Deus, neurocirurgião Luiz Felipe Alencastro, em artigo publicado no site da instituição.

Quatro chamados

Como não havia mais ambulância própria disponibilizada pelo evento para atender aos participantes da Fenachim naquela madrugada de domingo, o socorro ao músico coube ao Samu.

Das 20h do sábado (7) até as 4h do domingo (8), o Samu realizou quatro atendimentos em Venâncio Aires, segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual da Saúde, responsável pela Central de Regulação.

Conforme texto informativo do governo do Estado, quando alguém liga para o 192, a chamada é atendida por um Telefonista Auxiliar de Regulação Médica, conhecido por Tarm. Esse funcionário coleta as informações básicas do solicitante e do paciente e pergunta qual é a urgência.

A chamada, então, é transferida para um profissional de saúde, que pode ser um médico ou um enfermeiro regulador, dependendo do tipo de ocorrência. Nesta etapa, o atendimento é por ordem de prioridade e não por ordem cronológica. Ou seja, quanto mais grave a situação registrada pelo Tarm, mais rápido o profissional prosseguirá o atendimento.

Ainda segundo o informativo, se for constatada a necessidade de envio da ambulância, é o médico regulador quem define os procedimentos a serem adotados em relação a cada paciente, de acordo com protocolos do Samu.

“O profissional na Central de Regulação faz o acionamento da ambulância diretamente da tela do computador ao smartphone da equipe socorrista. O deslocamento da equipe é monitorado pela Central de Regulação através de GPSs nas ambulâncias e nos telefones”, explica o texto.

Até o fechamento desta reportagem, a Secretaria Estadual da Saúde não havia respondido quanto tempo transcorreu desde a primeira ligação para o 192, de cada um destes quatro chamados, até a chegada da ambulância ao local da ocorrência.

Dois profissionais que atuam na base do Samu em Venâncio Aires fizeram contato direto ou por intermediário com nossa redação para assegurar que o atendimento local ao músico Josimar foi veloz. O atendimento local começa depois que passa pela regulação estadual.

Um dos profissionais informou que a ambulância do Samu levou menos de seis minutos para percorrer os 5 km da base até o Parque do Chimarrão. A outra profissional relatou que as várias ligações para atender o músico naquela madrugada chegaram a gerar o envio de uma segunda ambulância do Samu e, quando a socorrista chegou no Parque do Chimarrão com sua equipe, o paciente já estava na primeira ambulância, medicado.


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