Falsificação de cigarros

Operação da Polícia Federal encontra suspeitos no Vale do Rio Pardo

Estimativa é que a fábrica clandestina produziria 10 milhões de maços de cigarros por mês, com faturamento mensal de R$ 50 milhões

Redação

Publicado terça-feira, 19/10/2021, às 17:52

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Durante a Operação Tavares, realizada pela Polícia e Receita Federal nesta terça-feira (19), foram cumpridos mandados no Vale do Rio Pardo, tanto em Vera Cruz quanto em Santa Cruz do Sul, além de outros endereços no Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. O objetivo da operação é desarticular organização criminosa responsável por contrabando e produção clandestina de cigarros.

Em Vera Cruz, um homem de 42 anos foi preso no bairro Industrial II. Conforme informações da Polícia Federal repassadas ao Portal Arauto, o indivíduo seria um suposto fornecedor de tabaco. Outro acusado, um motorista de caminhão, também foi preso na zona rural de Santa Cruz do Sul. A operação apura, ainda, trabalho análogo à escravidão, crimes contra o meio ambiente e corrupção de menores.

Mais sobre a operação

Na ação, foram cumpridos 40 mandados de prisão e 56 mandados de busca e apreensão e executadas ordens judiciais para sequestro e arresto de 56 veículos, 13 imóveis e valores em contas vinculadas a 23 pessoas físicas e jurídicas, até o valor de R$ 600 milhões.

A investigação iniciou em 2020 para apurar a prática de contrabando de cigarros na região metropolitana de Porto Alegre. Diligências realizadas identificaram a existência de uma organização criminosa estruturada para a produção clandestina de cigarros de marcas paraguaias em cidades do Rio Grande do Sul. Há indícios de que a fabricação seria operada por trabalhadores supostamente cooptados no Paraguai e que seriam mantidos em condições análogas a de escravidão.

Parte dos cigarros produzidos abasteceria o mercado clandestino do Uruguai e pontos de venda no Rio Grande do Sul vinculados à facção criminosa do estado. A estimativa é que a fábrica clandestina produziria cerca de 10 milhões de maços de cigarros por mês, com faturamento mensal de R$ 50 milhões. Conforme projeção da Receita Federal, os impostos, se recolhidos, atingiriam R$ 25 milhões, somente em tributos federais (IPI, PIS e Cofins).

Escravidão moderna

Durante o cumprimento de mandado de busca, no município de Triunfo (RS), 16 trabalhadores supostamente paraguaios foram localizados escondidos no subsolo da fábrica, em uma espécie de bunker, onde permaneciam enclausurados. A descoberta do local ocorreu no início da tarde. O esconderijo é acessado por meio de um elevador hidráulico. As vítimas foram resgatadas.

Além do contrabando e falsificação de cigarros, a Operação Tavares investiga a organização criminosa por cooptar cidadãos paraguaios para trabalharem na produção clandestina de cigarros em condições análogas à escravidão. Ao chegarem ao Brasil, os estrangeiros tinham os celulares apreendidos pelos líderes do grupo e eram levados à “fábrica”, de onde não podiam sair até o fim do ciclo de produção.

A operação foi denominada Tavares em alusão ao local onde foi identificado o primeiro depósito do grupo, no município da Cachoeirinha.

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