O que o aditivo da Corsan tem a ver com o seu bolso
O que for decidido nos próximos dias vai causar impacto pelos próximos dez mandatos de prefeito, e também na vida e no bolso de milhões de gaúchos
Duas reuniões regionais estão marcadas para esta terça-feira (16), com a finalidade de discutir o aditivo de contrato entre a Corsan e os municípios. Segundo o governo de Venâncio Aires, o prefeito Jarbas da Rosa (PDT) vai participar.
O assunto tem preocupado os gestores municipais da região, pois eles têm até 16 de dezembro para definir se renovam ou não o documento com a estatal gaúcha do saneamento. Se não assinarem até esta data, as prefeituras deixarão de receber uma parte do valor da privatização da Corsan, que está marcada para fevereiro.
Entre os aspectos questionados pelos prefeitos está o prazo de vigência desta renovação, que é de 40 anos. O que for decidido nos próximos dias, portanto, vai causar impacto pelos próximos dez mandatos de prefeito. E também na vida e no bolso de milhões de gaúchos.
O tema é complexo, pois as alternativas à Corsan não são fáceis de colocar em prática: o governo de Venâncio afirma que poderia municipalizar a água e o esgotamento sanitário – neste caso, teria que investir milhões de reais para cumprir as metas do Marco do Saneamento – ou abrir licitação para privatizar o serviço. Em tese, a própria Corsan, já privatizada, poderia concorrer.
700 arenas
O Marco do Saneamento estipula que, até 2033, 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto. Para se chegar a este nível de primeiro mundo, o governo federal calcula que sejam necessários investimentos de R$ 500 bilhões a R$ 700 bilhões em dez anos. É dinheiro suficiente para construir cerca de 700 Arenas do Grêmio, em valores já corrigidos.
Os prefeitos sabem que alguém terá de pagar esta conta nada potável, e certamente será a população. Também sabem que a Corsan está para ser privatizada e quem vai herdar o acordo será uma empresa interessada em lucros.
União para negociar
A prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany (PP), tenta unir forças com outros gestores municipais para amenizar os danos. Uma das propostas de Helena é que a conta da água e esgoto não suba mais que a inflação pelos próximos seis anos, no mínimo. Isso significa que depois deste prazo, e já com a Corsan nas mãos da iniciativa privada, ninguém sabe até onde a conta vai subir. A própria inflação já está na casa dos dois dígitos.
De acordo com o governo de Venâncio Aires, “as agendas são de extrema importância para Venâncio Aires e região, tendo em vista o grau de compromisso assumido com a decisão de renovar ou não o convênio”.
As reuniões
A primeira reunião desta terça ficou definida para a parte da manhã, com a presença do diretor-presidente da Corsan, Roberto Barbuti, na sede do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo, com os prefeitos da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo. À tarde, o encontro será com os responsáveis técnicos pela elaboração do aditivo do contrato.