Nos principais hospitais dos vales, crianças são 17% dos internados
Foram analisados os números de hospitalizados em leitos de enfermaria e UTI covid dos hospitais de Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul, Estrela, Lajeado e Taquari
Enquanto o governo federal atrasa a decisão sobre vacinar contra a covid crianças de 5 a 11 anos, a região dos vales tem três pessoas hospitalizadas com suspeita ou confirmação da doença em setores pediátricos, de acordo com dados do governo do Estado atualizados na noite deste domingo (26), levados em conta os cinco principais hospitais da região. Isso equivale a 17% das internações em função do coronavírus nestas instituições de saúde.
Foram analisados os números de internados em leitos de enfermaria e UTI covid dos hospitais de Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul, Estrela, Lajeado e Taquari, pois são cidades dos vales que possuem atendimento de UTI para o coronavírus.
Na Capital do Chimarrão, em Lajeado e em Taquari, nenhuma criança estava hospitalizada com covid neste domingo. Já em Estrela, o único paciente com covid internado era uma criança. E em Santa Cruz, dos oito hospitalizados com suspeita ou confirmação do vírus sars-cov-2, dois eram crianças.
Antes e depois
Em janeiro deste ano, antes da vacinação em massa contra a covid, as crianças de até 14 anos representavam 2,91% dos casos positivos de covid-19 daquele mês nos vales (149 de 5.106).
Em novembro deste ano, portanto depois da vacinação em massa das faixas etárias acima dos 18 anos e da maioria dos moradores dos vales entre 12 e 17 anos, o percentual das crianças que positivaram em relação ao total foi de 8,53% (69 de 808), um salto de quase três vezes na comparação com janeiro.
Quadros graves
Em janeiro deste ano, apenas uma criança de até 14 anos precisou ser hospitalizada com quadro grave de covid nos vales, ou 0,41% de um universo de 239 hospitalizados que tiveram confirmação da doença naquele mês. Em novembro, foram duas de um total de 56, o que representa 3,57% dos casos graves. A proporção subiu quase nove vezes.
Este ano, até 24 de dezembro, 41 crianças e bebês foram hospitalizados com quadros graves de covid nos vales do Taquari e Rio Pardo. Três perderam a vida.
Parecer técnico
A Anvisa aprovou no último dia 16 a indicação da vacina da Pfizer para imunização contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade. Segundo a equipe técnica da agência, as informações avaliadas indicam que a vacina é segura e eficaz para o público infantil.
No entanto, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pressionado pelo presidente da República, que já era contra a vacina para adultos, está adiando o quanto pode a autorização de uso do imunizante em crianças, criando dúvidas quanto à sua necessidade, urgência e segurança.
Nem mesmo a área técnica do Ministério da Saúde tem argumentos contra a vacina para os pequenos. Pelo contrário.
Em 19 de dezembro, a secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, afirmou em nota técnica enviada ao Supremo Tribunal Federal que a vacina desenvolvida para crianças é segura, que o imunizante é uma ferramenta de proteção e que a vacinação vai atenuar interrupções de aulas na pandemia.
“Antes de recomendar a vacinação [contra a] covid-19 para crianças, os cientistas realizaram testes clínicos com milhares de crianças e nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada”, afirmou a secretária.
“As vacinas [contra a] covid-19 estão sendo monitoradas quanto à segurança com o programa de monitoramento de segurança mais abrangente e intenso da história do Brasil”, disse ela em outro trecho.
O governo federal abriu consulta pública e deve arrastar para depois de 5 de janeiro a decisão sobre quando e como vacinar crianças.