“Não merecemos passar por tudo novamente”, afirma moradora
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📸 Sônia Salgueiro/divulgação
No último sábado (15), uma chuva intensa causou alagamentos em diversos bairros de Venâncio Aires. As ruas se transformaram em rios e centenas de moradores perderam móveis e eletrodomésticos em poucos minutos, revivendo o drama das enchentes anteriores e aumentando a incerteza sobre o futuro.
Dando continuidade a uma série de reportagens do Portal Significa sobre o mais recente caos provocado pelas mudanças climáticas, em Venâncio Aires, as linhas a seguir contam a história sob o ponto de vista de três mulheres afetadas diretamente pela rápida subida da água.
Por centímetros
Sônia Salgueiro, moradora do bairro União, vive um temor sempre que a chuva começa. Em maio de 2024, sua casa foi alagada, e ela perdeu parte dos móveis. No último sábado, a água tomou as ruas de sua vizinhança e atingiu diversas residências. Embora sua casa tenha sido poupada por poucos centímetros (foto acima), pelo fato de estar em um terreno mais elevado, ela reforça que é necessário uma solução urgente.
A infraestrutura da cidade não acompanha seu crescimento rápido, e os sistemas de drenagem são insuficientes para conter volumes expressivos de chuva, segundo seu ponto de vista. A situação dos bueiros, que em vez de escoarem a água a devolviam às ruas, é um dos problemas que mais a preocupam. Para ela, o Arroio Castelhano precisa de melhorias imediatas, “pois não merecemos passar por tudo novamente.”
28 anos de enchente
No bairro Macedo, Monique Silveira convive com enchentes há 28 anos. Sua casa está em uma área crítica, próxima a um esgoto a céu aberto que se estende por mais de um quilômetro. Isso faz com que, quando chove, a água invada sua residência com facilidade (foto abaixo).
No último episódio, ela perdeu diversos pertences, incluindo uma estante que usava como armário de roupas, sua cama e um armário de comida, que não conseguiu salvar.
Para piorar, ainda aguarda o recebimento do Auxílio Reconstrução de R$ 5.100 desde maio de 2024, sem resposta das autoridades. O programa Volta por Cima, que poderia ser uma alternativa, também segue sem solução.
Ela lamenta que, se não correr atrás e cobrar providências constantemente, nada é feito. Com dois filhos e o marido desempregado, Monique – também sem emprego – enfrenta dificuldades cada vez maiores para recomeçar.
Família fora de casa
Greice Dias, que morava em uma casa de esquina em frente ao Posto de Saúde Central (foto abaixo), também foi duramente afetada. A força da enchente destruiu parte de seus pertences, incluindo camas e roupas de cama, e ainda comprometeu a alimentação da família, já que muitos mantimentos foram contaminados.
Como vivia em um imóvel alugado, recebeu o apoio da imobiliária, que cedeu uma casa provisória para que pudesse se mudar com seus filhos e recomeçar.