Empresa diz que não faz caridade

Fraport mostra como é o negócio fantástico das concessões

Redação

Publicado quinta-feira, 13/06/2024, às 19:50

Compartilhar

As concessões públicas no Brasil são os negócios dos sonhos de qualquer empresário. Bem diferente da situação de aperto dos empreendedores locais, que precisam arcar com prejuízos milionários causados pelo clima, os donos das concessões dos bilhões – geralmente estrangeiros – só operam no lucro, faça sol ou catástrofe climática. Prova disto você lê abaixo, em uma apuração do colunista de GZH, Jocimar Farina.

🟣 Siga nosso perfil no Instagram
🟢 Siga nosso canal no Whatsapp

A presidente executiva da multinacional Fraport, Andreea Pal, declarou a deputados, nessa segunda-feira (10), que sem recursos do governo federal a empresa não poderá reparar os danos causados pela enchente no principal aeroporto do sul do País, o Salgado Filho, de Porto Alegre, e terá que devolver a concessão para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Andreea explicou que a Fraport já fez os investimentos previstos em contrato, incluindo a ampliação do terminal e da pista, e não pode mais contrair empréstimos, pois está endividada.

A reforma necessária no aeroporto está estimada em cerca de R$ 1 bilhão, mas o seguro cobre apenas R$ 130 milhões, segundo a multinacional.

Sem caridade e dinheiro já

Andreea enfatizou que a Fraport “não é uma companhia de caridade” e precisa recuperar os investimentos feitos, que totalizam R$ 2 bilhões, segundo ela. A CEO afirmou que para completar as obras, a União precisaria aportar novas verbas rapidamente, já que o seguro está em nome da Anac.

Este posicionamento de possível devolução da concessão contrasta com declarações de Andreea na Rádio Gaúcha, dias antes, quando ela negou qualquer intenção de deixar a administração do Salgado Filho, atribuindo tais afirmações a “especulações.”

Nada de novo

O pedido de astronômica verba pública para dar continuidade a uma concessão não é novidade. Está tudo previsto nos fantásticos contratos formalizados entre governos e multinacionais, seja na forma de injeção direta de verba ou os chamados reequilíbrios financeiros, quando as concessionárias são autorizadas a aumentar acima da inflação suas tarifas para os consumidores.

Repassar prejuízos para a sociedade pagadora de impostos, portanto, é até mesmo corriqueiro. O que não se viu, não se vê e provavelmente nunca será visto é uma concessionária dividir com a sociedade os lucros extraordinários, como por exemplo quando há uma Copa do Mundo, uma Olimpíada ou grandes feiras internacionais, eventos que fazem aumentar consideravelmente o volume de passageiros em aeroportos.

Compartilhar

Colabore com o jornalismo independente

Para doar qualquer valor, a nossa chave pix é o e-mail [email protected].

© Significa Comunicação Digital / 2019-2023

bravo