Família contesta versão policial em caso de morte por agente do Estado

No último domingo (22), Jonata Renato de Souza, de 35 anos, morreu durante uma ação policial no bairro Jardim do Trabalhador, em Encantado, após mais de dez horas de negociações com a Brigada Militar (BM). A situação terminou com a intervenção do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que utilizou força letal após, segundo a polícia, Jonata investir contra os agentes.

Após a publicação do caso em veículos de imprensa, a advogada da família do homem assassinado, Cíntia Fernandes, apresentou versões bem diferentes daquelas apresentadas pela polícia nas horas seguintes à ocorrência.

Em entrevista nessa sexta-feira (27), à Rádio Independente, a defensora negou que Jonata tenha tentado matar o pai ou que tenha histórico de envolvimento com drogas.

“Foi a própria família que acionou o Samu, buscando socorro médico para Jonata, que estava em crise de esquizofrenia. O pai tentou conter o filho para que ele fosse atendido e acabou se lesionando acidentalmente. Não houve tentativa de homicídio. Ele era uma pessoa doente e precisava de cuidados médicos”, explicou Cíntia.

A advogada também refutou a informação de que Jonata teria feito a filha refém e questionou a condução da operação. “Por que as equipes [do Bope] só entraram na casa à noite? O que aconteceu lá dentro? São perguntas que precisam de respostas”, afirmou, reiterando que aguarda o laudo da perícia e o atestado de óbito para mais esclarecimentos.

De acordo com a BM, as tentativas de negociação durante o dia não surtiram efeito, e a ação do Bope ocorreu quando Jonata teria avançado – sem a utilização de arma de fogo – contra os policiais, colocando em risco a integridade dos agentes. Um policial ficou ferido e foi socorrido no hospital de Encantado.

A Polícia Civil segue investigando o caso, mas a advogada disse que não têm acesso a detalhes da investigação porque foi decretado “segredo de justiça”. Nenhum laudo oficial foi divulgado até o momento.