Delegado afirma que suspeito é atirador profissional
Delegado Vinícius Lourenço de Assunção considerou o depoimento do acusado “repleto de incongruências”
Segundo o delegado Vinícius Lourenço de Assunção, da Delegacia de Polícia de Venâncio Aires, o acusado pela morte do motorista aposentado Luiz Carlos Becker, de 55 anos, é um atirador profissional. O crime ocorreu na última sexta-feira (7) pela manhã, no bairro Cidade Nova 2.
De acordo com o delegado, o suspeito deve responder por homicídio intencional qualificado, pois teria agido por motivo fútil e não teria dado qualquer chance de defesa à vítima. Seu destino deve ser o júri popular.
A Polícia Civil de Venâncio Aires não revela nomes de suspeitos, vítimas e testemunhas, mas durante entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (10), o delegado Vinícius citou várias vezes que o suspeito é um atirador profissional. O delegado também mencionou que o homem possui “um bom arsenal” registrado em seu nome e não tinha antecedente criminais.
Atiradores profissionais fazem parte dos chamados CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores), grupos que têm aparecido com frequência em reportagens sobre liberação de armas e munições no governo de Jair Bolsonaro (PL).
O atirador se apresentou espontaneamente na tarde desta segunda-feira, acompanhado de dois advogados, e apresentou a arma supostamente utilizada no crime, uma pistola 9 mm, juntamente com um documento que permite transitar com a arma. Segundo o delegado, tal documento possibilita tão somente o trânsito entre a origem e o destino da arma. Por exemplo, da residência até o clube de tiro.
Além da amizade
O acusado relatou que estava indo trabalhar em Estrela, usando o carro da esposa, quando achou o celular dela na lateral do veículo e ouviu mensagens entre a companheira e o aposentado que acabou sendo assassinado. Segundo o delegado Vinícius, estas mensagens “iam além da amizade”.
O atirador já estava na altura de Lajeado quando resolveu voltar e tirar satisfações com a esposa. A mulher teria confirmado que mantinha conversas com o aposentado, negou que houvesse um relacionamento entre ambos, mas confirmou que eles trocavam “imagens”.
O passo seguinte, segundo o depoimento do acusado, foi ir até a casa do motorista aposentado para confrontá-lo na frente da sua esposa. Aqui há contradições entre os depoimentos: a esposa do atirador disse que ele sabia onde o homem morava, enquanto o suspeito alega que quem mostrou o caminho foi sua esposa.
Luiz Carlos Becker estava sozinho em frente à casa, pintando as grades. Segundo o atirador, a vítima teria jogado contra ele uma latinha de solvente que atingiu seus olhos e que, a partir daí, a arma teria ficado exposta e ambos começaram a lutar. A vítima teria tentado se agarrar no cano da arma, conforme depoimento do acusado.
“Ele disse que ainda tentou dar duas coronhadas na vítima para tentar que fizesse cessar alguma agressão que ele estaria sofrendo, mas não teve muito sucesso. Que quando ele tentou pegar a arma, ele foi puxar e a arma disparou acidentalmente […]. Ele disse que não disparou e que a arma teria disparado de uma vez só”, contou o delegado. Os tiros teriam sido na forma de rajada.
Repleto de incongruências
O delegado Vinícius Lourenço de Assunção considerou o depoimento do acusado “repleto de incongruências”.
“De qualquer forma, eu solicitei a prisão preventiva dele e essa prisão acabou sendo deferida. E tão logo ele prestou depoimento, foi levado ao cárcere. Foram feitas as informações de praxe e ele foi encaminhado à Peva [Penitenciária Estadual de Venâncio Aires], onde está à disposição da Justiça, cumprindo prisão preventiva”, argumentou o delegado.
Segundo Vinícius Lourenço de Assunção, a dinâmica do assassinato pela ótica do atirador “parece pouco crível”, pois há uma vítima fatal com seis disparos em diversos locais do corpo. “Ainda que fosse um caso de rajada, esses disparos teriam sido alocados, muito provavelmente, muito próximos uns dos outros. E não foi o que aconteceu”, relatou o delegado.
Questionado pela reportagem do Portal Significa se o atirador havia errado algum disparo, o delegado Vinícius respondeu que a perícia ainda vai determinar a resposta oficial, mas ele acredita que não.