188 crianças esperando

A creche pública milionária que insiste em não abrir

Redação

Publicado domingo, 05/03/2023, às 19:16

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???? Gov. Venâncio Aires/arquivo

Esta segunda-feira (6) poderia ser dia de escola para 188 crianças de até 5 anos de idade, em Venâncio Aires. Porém, isto não vai acontecer, porque a escola municipal de educação infantil (Emei) do bairro Xangrilá, a maior creche pública da cidade, ainda não abriu. As Emeis da Capital do Chimarrão retomaram as atividades no dia 2 de fevereiro.

O caso da creche do bairro Xangrilá, batizada de Vô Ismael, é típico de obra pública no Brasil: um dia começa, toma milhões de reais dos contribuintes e não tem prazo para acabar.

E ainda mais típico em Venâncio Aires, município que tem notórias obras públicas com meses e até anos de atraso, como o asfaltamento da estrada de Linha Sapé, a reforma de um banheiro na Praça da Matriz, a UTI pediátrica — que, por sinal, também envolve crianças —, a reforma do prédio da prefeitura, reformas em escolas, dentre outras. Quase todas custando mais do que o valor inicialmente previsto.

O que falta para abrir

A Emei do bairro Xangrilá começou a ser construída em junho de 2016 e consumiu quase R$ 3 milhões dos cofres públicos, sem levar em conta o mobiliário e equipamentos.

Quase sete anos depois, a escola não abriu para este ano letivo, junto com as demais, porque o prédio ainda não possui todo o mobiliário, equipamentos e utensílios, segundo a prefeitura. Uma empresa de Santa Catarina está produzindo os armários, e os demais equipamentos só serão comprados depois de uma licitação prevista para o dia 13 de março.

O governo municipal afirmou que a Emei já possui split, cadeiras e playground. O custo de segurança 24 horas para que ninguém furte os equipamentos atualmente instalados é de R$ 15 mil por mês.

Rotina pesada

Enquanto as promessas de abertura da creche não são cumpridas, pais e responsáveis sofrem para manter sua rotina de trabalho e cuidados com os filhos.

Para fazer cumprir o que já está na lei e recentemente ratificado pelo Supremo Tribunal Federal, alguns pais recorrem à Justiça. É o que cogita fazer uma mãe, que esta semana entrou em contato com o Portal Significa para reclamar que a Emei Vô Ismael não abre. Ela tem um filho pequeno que fica sob os cuidados da avó em horário útil. Entretanto, a avó também precisa trabalhar.

“Toda criança tem direito à escolinha, eu sei disso, mas tem gente que tem condições de pagar escolinha. Tem pai e mãe em casa, e a criança na escolinha, e quem realmente precisa da vaga não consegue”, reclamou a mãe do menino sem creche, a qual pediu para não ser identificada.

Sobre o fato de pais e mães ameaçarem buscar o Poder Judiciário para garantir suas vagas na educação infantil, o governo municipal respondeu à nossa reportagem que “a Justiça está à disposição de qualquer cidadão.”

Venâncio Aires tem cerca de 250 crianças à espera de vaga na rede pública de educação infantil. A creche municipal do bairro Xangrilá foi dada como pronta há mais de cinco meses. Se nesta segunda-feira ela já tivesse equipamentos instalados e portas abertas, o déficit de vagas no Município seria reduzido em 80%.


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