Natureza castiga o RS de novo, agora com gripe aviária comercial

📸 Wilson Dias/Agência Brasil
Depois de duas enchentes recordes em 2023 e da grande inundação de 2024 – uma tragédia climática jamais vista no Brasil –, de novo o Rio Grande do Sul é castigado pela natureza com um fato inédito: pela primeira vez uma granja comercial brasileira foi infectada por gripe aviária. O caso ocorreu em Montenegro, a 60 quilômetros de Porto Alegre, marcando um ponto crítico na vigilância sanitária nacional.
A granja afetada era dedicada à reprodução de aves, e 35 animais testaram positivo para o vírus (H5N1). Como medida imediata, todas as aves do estabelecimento foram abatidas para conter a disseminação da doença.
O ministro Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) foi informado ontem (15) sobre a situação e decretou, nesta sexta-feira (16), emergência zoossanitária por 60 dias no município de Montenegro, em um raio de dez quilômetros ao redor do estabelecimento onde foi encontrado o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (medida em que um organismo pode causar doença e danos aos tecidos e órgãos de um indivíduo).
Surto no zoológico
Paralelamente, o zoológico de Sapucaia do Sul, também no Rio Grande do Sul, registrou a morte de cerca de 90 aves aquáticas silvestres, incluindo cisnes e patos, devido à gripe aviária. Esse número representa aproximadamente 20% das aves aquáticas do local. Todas as outras aves estão em isolamento e observação.
O zoológico foi fechado na terça-feira (14), e permanecerá com atividades suspensas por tempo indeterminado.
Transmissão
A transmissão da gripe aviária ocorre principalmente pelo contato direto entre aves infectadas e saudáveis, através de secreções respiratórias, fezes e superfícies contaminadas. Aves aquáticas migratórias, como patos e cisnes, são consideradas reservatórios naturais do vírus e desempenham um papel significativo na disseminação da doença.
Aves domésticas, como galinhas e perus, são altamente suscetíveis à infecção, especialmente quando mantidas em ambientes com pouca biossegurança. A introdução do vírus em granjas comerciais, como a de Montenegro, geralmente ocorre por meio do contato com aves silvestres ou através de práticas inadequadas de manejo.
Medidas de contenção e prevenção
Diante dos focos identificados, o Ministério da Agricultura implementou medidas de contenção, incluindo:
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Abate sanitário de todas as aves nas áreas afetadas. São mais de 15 mil;
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Isolamento e monitoramento de propriedades vizinhas;
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Restrição de movimentação de aves e produtos avícolas na região;
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Intensificação da vigilância epidemiológica em todo o Estado.
Impactos nas exportações
O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, e a confirmação de gripe aviária em granjas comerciais gerou preocupações significativas no mercado internacional.
Imediatamente após o anúncio, países como Argentina e China, além da União Europeia, suspenderam temporariamente as importações de produtos avícolas brasileiros. No caso da Argentina, as restrições dizem respeito apenas aos produtos do Rio Grande do Sul.
Consultorias estimam que as exportações de frango do Brasil podem sofrer uma redução de até 20% devido aos embargos. Essa queda pode impactar diretamente a economia nacional, considerando que o setor avícola emprega cerca de 4 milhões de pessoas, direta e indiretamente. Uma das regiões que podem ser afetadas é o Vale do Taquari.
Consequências econômicas dos embargos
Segundo veículos de imprensa especializados em economia, como Infomoney e CNN Brasil, os embargos às exportações de carne e ovos de frango podem levar a:
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Excesso de oferta no mercado interno, pressionando os preços para baixo;
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Redução da receita das empresas exportadoras;
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Possíveis demissões e fechamento de postos de trabalho no setor;
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Necessidade de renegociação de contratos e busca por novos mercados.
Além disso, a confiança internacional na sanidade dos produtos brasileiros pode ser afetada, exigindo esforços adicionais para restabelecer a credibilidade.