Hotéis que restringem crianças dividem opiniões
📸 Rede social/reprodução
A decisão de um hotel em Gramado, na Serra Gaúcha, de permitir a hospedagem somente para maiores de 14 anos reacendeu o debate sobre a presença de crianças em estabelecimentos turísticos. A prática, conhecida como “childfree” (livre de crianças), vem crescendo no setor hoteleiro e divide opiniões entre especialistas, empresários e viajantes.
Defensores da iniciativa argumentam que há diversas opções voltadas para famílias com crianças, enquanto hotéis exclusivos para adultos oferecem experiências diferenciadas, como ambientes mais tranquilos e programação voltada ao descanso.
Já críticos da prática afirmam que a restrição pode ser vista como uma forma de discriminação e limita o acesso das crianças a certos espaços.
Impacto no setor hoteleiro
O presidente do Sindicato da Hotelaria do Estado do Rio Grande do Sul (Sindihotel), Manuel Suárez, acredita que a restrição pode prejudicar financeiramente os estabelecimentos.
“A Região das Hortênsias perderia muito faturamento, boa parte dos apartamentos ficariam desocupados se houvesse essa proibição. O ideal é que seja uma sugestão, que os hotéis sugiram experiências direcionadas a casais, mas que não tenham restrição contra crianças”, afirma Manuel.
Já Cláudio Souza, presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes da Serra Gaúcha (Sind Tur), considera a decisão legítima. Ele explica que a rede hoteleira em questão possui outros estabelecimentos voltados para famílias e que há diversas opções temáticas na região, com foco no atendimento a crianças.
Mudança no perfil
Empresas do setor de viagens apontam que o crescimento dos hotéis “childfree” reflete uma mudança no comportamento dos viajantes. Segundo Daniela Araujo, diretora de produtos em destino da Decolar, há uma segmentação crescente no turismo, com estabelecimentos especializados tanto em receber famílias com crianças quanto em atender exclusivamente adultos.
A vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Sul, Rita Vasconcelos, também vê o modelo como um nicho de mercado. “Não vemos como discriminação, a não ser que não houvesse outras opções voltadas a atender crianças. É uma oferta para um público seleto e específico”, afirma.
Escolha da hospedagem
O gerente da agência Girotrip Turismo, Diego Adams, destaca que viajar com crianças envolve necessidades específicas, como programação ajustada e infraestrutura adequada. Segundo ele, a decisão de onde se hospedar deve levar em conta o perfil da viagem planejada.
Enquanto hotéis voltados para famílias oferecem recreação infantil e atividades para crianças, os estabelecimentos “childfree” priorizam silêncio, descanso e experiências relaxantes, como spas e passeios tranquilos.
ℹ️ GZH.