Além de não cumprir função ambiental, usina de lixo vira alvo de crimes
📸 Gov. Venâncio Aires/arquivo
Situada em linha Estrela, na zona rural de Venâncio Aires, a usina de triagem de resíduos sólidos, outrora peça importante na gestão ambiental do Município (foto acima), tornou-se cenário de problemas desde que paralisou suas operações em fevereiro deste ano.
Incapaz de cumprir sua função essencial de separar o lixo reciclável, a usina se transformou em alvo de invasões, furtos e até de tentativa de incêndio, ocorrências possibilitadas por catadores clandestinos, conforme a própria prefeitura, responsável pelo local, cogita em documento público.
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A administração municipal, ao justificar a contratação “emergencial” de uma empresa de vigilância, destacou a gravidade da situação.
Vigilância
Segundo o texto, a presença de “pessoas não autorizadas, furtos e até princípio de incêndio” tornou a segurança do local uma prioridade. Para tentar combater esses crimes, a prefeitura contratou, sem licitação, uma empresa para fornecer vigilância 24 horas por dia, ao custo de R$ 39 mil para um período inicial de três meses (R$ 13 mil por mês), com possibilidade de extensão até um ano.
Nenhuma triagem
Desde o encerramento unilateral do contrato pelo governo Jarbas da Rosa (PDT) com a cooperativa de catadores que lá trabalhava, a usina interrompeu suas operações de triagem, resultando no envio de 100% dos resíduos – recicláveis ou não – para o aterro sanitário em Minas do Leão.
Causa e consequência
A enchente histórica – fruto da ação negligente de seres humanos para com a natureza, de acordo com a maioria dos cientistas do clima – e o consequente volume de resíduos gerados contribuíram para elevar ainda mais a quantidade de resíduos enviados à usina de triagem de linha Estrela. Esta situação provocou um acúmulo de toneladas de lixo, o que chamou a atenção de catadores para o local, conforme a prefeitura.
Ao romper com a cooperativa de catadores – bem antes da enchente – o governo municipal garantiu que de forma emergencial seria contratada uma nova empresa, cooperativa ou associação. Mais de cinco meses se passaram e a contratação “emergencial” não foi feita.
Crimes
O documento público que justifica a dispensa de licitação para a vigilância menciona a série de crimes ocorridos na usina, incluindo o furto de cabos elétricos que interrompeu o fornecimento de energia, criando um ambiente propício para acidentes e atrasos no transporte dos resíduos.
O governo municipal reconheceu a insegurança a todos os envolvidos na operação, “inclusive com tentativa de roubo de peças da escavadeira contratada para os carregamentos e danos à motocicleta do operador”, diz o documento. “Um princípio de incêndio criminoso foi registrado no local na noite de 18 de junho”, prossegue.
O que diz a prefeitura
Questionada pelo Portal Significa na semana passada, a prefeitura disse que registrou três boletins de ocorrência relacionados aos crimes na usina.
Também respondeu que os técnicos das secretarias de Meio Ambiente e Planejamento estão trabalhando em projetos para reestruturar a usina.
Esse período de paralisação forçada na triagem está sendo aproveitado para implementar melhorias estruturais, com o apoio do Conselho Municipal de Meio Ambiente.
A reestruturação e a implementação de melhorias seriam os motivos que estão levando à demora na contratação de uma empresa de catadores para substituir a anterior.
A prefeitura confirmou, ainda, que a empresa de vigilância M. A. Almeida da Rosa começou suas operações em 6 de julho e trabalha 24 horas por dia.